Kingfish. História, Fatos, Causos e Curiosidades
Assista ao vídeo "Christone 'Kingfish' Ingram – Anatomia de um Artista" e mergulhe na impressionante trajetória desse prodígio do blues que vem conquistando o mundo com sua técnica arrebatadora e carisma genuíno. Neste vídeo especial, Tom Veras apresenta a biografia completa de Kingfish, revelando detalhes como sua origem em Clarksdale, Mississippi, a conquista do Grammy com o álbum 662, suas apresentações no Brasil — incluindo o Rock in Rio —, e o apoio de lendas como Buddy Guy. Você também vai descobrir curiosidades únicas, como sua possível cromestesia (a capacidade de ver cores ao ouvir música), sua ligação com o gospel e o hip-hop, e o fato de ter crescido a poucos minutos da famosa encruzilhada associada a Robert Johnson. Para quem deseja se aprofundar ainda mais na história desse artista que está redefinindo os caminhos do blues contemporâneo.
Prêmios
2019 – Álbum: Kingfish
Vencedor em três categorias no Blues Music Award:
"Best Emerging Artist Album", "Contemporary Blues Album", "Album of the Year"
2021 – Álbum: 662
Vencedor do Grammy e do Blues Music Award na categoria:
"Contemporary Blues Album"
2024 – Álbum: Live In London
Vencedor em quatro categorias no Blues Music Award:
"Album of the Year", "Contemporary Blues Album", "Contemporary Blues Male Artist", "Instrumentalist – Guitar: Christone 'Kingfish' Ingram"
Discografia
Kingfish (2019)
Lançado em 17 de maio de 2019 pela Alligator Records, o álbum de estreia de Christone "Kingfish" Ingram contou com a participação de Buddy Guy e recebeu grande aclamação. Rendeu ao artista três prêmios no Blues Music Awards nas categorias: "Best Emerging Artist Album", "Contemporary Blues Album" e "Album of the Year".
662 (2021)
Seu segundo álbum, 662, foi lançado em 23 de julho de 2021, também pela Alligator Records. O disco foi agraciado com o Grammy Award na categoria "Best Contemporary Blues Album" e venceu novamente o Blues Music Award na mesma categoria.
Live in London (2023)
Gravado no The Garage, em Londres, em 6 de junho de 2023, o álbum ao vivo Live in London foi lançado em 13 de outubro do mesmo ano pela Alligator Records. Em 2024, foi premiado nas categorias "Contemporary Blues Album" e "Album of the Year" no Blues Music Awards.
História, Fatos, Curiosidades sobre Kingfish
Christone Ingram nasceu em Clarksdale, Mississippi, cidade-símbolo do blues, onde a memória musical é preservada em lugares emblemáticos como a encruzilhada (Crossroads), o Ground Zero Blues Club e o Delta Blues Museum. Com forte presença da população negra e marcada pela herança da escravidão e da música de resistência, Clarksdale moldou sua identidade e sensibilidade artística.
O nome Christone carrega a marca da espiritualidade herdada da tradição familiar ligada à igreja. Começou sua vida musical ainda criança, primeiro na bateria, depois no baixo, até se encontrar na guitarra. A conexão com o blues se deu aos 10 anos, ao assistir a um documentário sobre Muddy Waters apresentado por seu pai — momento decisivo, que contrariava o gosto predominante entre os colegas, mais voltado ao rap.
Diagnosticado com síndrome de Asperger, enfrentou obstáculos sociais e emocionais desde cedo. Ainda assim, destacou-se por sua disciplina e talento. Chegou a se apresentar na Casa Branca com a banda do Delta Blues Museum e, mais tarde, foi destaque na série Luke Cage, interpretando clássicos como “The Thrill is Gone” e “I Put a Spell on You”.
O apelido “Kingfish” remete a um personagem carismático da cultura popular negra das décadas de 1920 e 1950, mas também reverbera a linhagem dos grandes “Kings” do blues — Albert e B.B. Entre suas referências, Prince ocupa lugar especial ao lado de Albert King, refletindo sua busca por um som intenso, emocionalmente carregado e tecnicamente agressivo. A herança das plantações do sul dos Estados Unidos, como a Stovall Plantation, também ecoa em sua sonoridade, como memória viva de um passado que ainda ressoa.
Seu álbum de estreia só se concretizou graças ao apoio de Buddy Guy, que financiou a gravação. A produção ficou por conta de Tom Hambridge, apontado por Buddy como um talento comparável a Willie Dixon. O lançamento chamou atenção da crítica e da imprensa especializada, com espaço garantido em publicações como New York Times, Washington Post e DownBeat Magazine.
A consagração veio acompanhada de honrarias, como o lançamento de uma Telecaster signature pela Fender e turnês internacionais. No Brasil, emocionou plateias em São Paulo e no Rock in Rio, nos dias 12 e 14 de setembro. No entanto, nem tudo foi celebração: em dezembro de 2019, perdeu sua mãe, Princess Pride, episódio que deixou marcas profundas em sua vida pessoal.
Também enfrentou o preconceito estrutural de uma indústria ainda resistente a certas imagens: mais de uma vez foi confundido com técnico de som ao chegar para abrir shows. A história de seu tio — pioneiro negro na música country — é outro retrato das barreiras enfrentadas pela família. Ainda assim, ele segue como símbolo de uma nova geração, revigorando o blues com autenticidade, consciência histórica e força criativa.
O álbum autointitulado lançado em 2019 marcou um ponto de virada na carreira de Kingfish. Com apenas 20 anos, ele conquistou uma indicação ao Grammy e venceu cinco categorias no Blues Music Awards de 2020, incluindo a de Álbum do Ano. O impacto do lançamento foi tão expressivo que seu nome passou a ser associado à missão de manter viva a tradição do blues, ao mesmo tempo em que dialogava com o presente. Com esse reconhecimento, passou a ser visto como um jovem talento capaz de preencher a lacuna entre o blues tradicional do Delta e o blues moderno.
Clarksdale, sua cidade natal, desempenhou um papel decisivo nesse processo. Conhecida como um dos principais centros do blues, é ali que se encontram locais icônicos como o Ground Zero Blues Club e o Delta Blues Museum. Foi neste último que Kingfish começou a aprender teoria musical, ainda aos cinco ou seis anos de idade. O ambiente musical intenso da cidade não apenas moldou seu gosto, como abriu portas desde cedo: ainda criança, ganhou reputação como baixista, sendo chamado para substituir músicos em várias bandas locais. Era conhecido como “o garotinho do museu” que tocava baixo.
A trajetória no instrumento, no entanto, foi apenas o início. Quando uma banda vizinha passou a chamá-lo para tocar em festas, ele fez a transição para a guitarra de seis cordas. A adaptação foi rápida e impressionante — aos 12 anos já era capaz de segurar a atenção de uma plateia inteira em juke joints, tocando sozinho. O amadurecimento musical veio acompanhado de aprendizados essenciais com músicos mais velhos da região, que lhe transmitiram, além da técnica, valores como resiliência, decência e humor. Ele mesmo afirma que, se não tivesse nascido em Clarksdale, sua trajetória seria completamente diferente.
Cresceu a apenas 10 minutos do famoso cruzamento em Clarksdale, o lendário “Crossroads”, onde, segundo a mitologia do blues, Robert Johnson teria feito um pacto com o diabo. Embora não se identifique com essa lenda, costuma dizer que tem uma “alma antiga”. Na quarta série, assistiu a um documentário sobre Muddy Waters, mostrado por seu pai, o que despertou seu fascínio definitivo pelo blues. A partir daí, mergulhou de vez no universo do Delta Blues Museum, absorvendo os estilos de guitarra de ícones como B.B. King, Jimi Hendrix e Prince.
O talento não passou despercebido. Buddy Guy, depois de tocar com ele, ficou tão impressionado que decidiu pagar pela gravação de seu próximo LP. Ao mesmo tempo, Kingfish também enfrentava desafios em suas apresentações: por ser um jovem negro, muitas vezes era confundido com parte da equipe técnica. A surpresa do público ao vê-lo no palco com uma guitarra nas mãos era frequente. Ele, no entanto, encara esses episódios como oportunidades para reafirmar que o blues é parte essencial da cultura negra americana, assim como o jazz e o rap, e que sua presença nesse espaço é legítima e necessária.
Kingfish toca vocais, guitarra, baixo e bateria. Começou a se apresentar de forma ativa aos 15 anos, em 2014, mas sua ligação com a música remonta à infância. Vindo de uma família ligada à igreja, cresceu assistindo a apresentações de música gospel e, mesmo sem grande habilidade no início, passou a integrar grupos musicais desde cedo. A influência familiar é profunda: sua mãe, Princess Pride, é prima do lendário músico country Charley Pride, e o ambiente musical doméstico ajudou a moldar sua sensibilidade artística.
O interesse pelo blues surgiu aos cinco anos, quando seu pai lhe mostrou um documentário da PBS sobre Muddy Waters. Fascinado, ele mergulhou nesse universo com entusiasmo. No Delta Blues Museum, teve aulas com professores como Bill "Howl-N-Mad" Perry e Richard "Daddy Rich" Crisman. Foi Perry quem lhe deu o apelido de “Kingfish”, inspirado em um personagem do programa The Amos 'n' Andy Show, popular entre a comunidade negra americana.
Começou tocando bateria aos seis anos, passou ao baixo aos 11 e, em seguida, à guitarra — instrumento com o qual ganharia notoriedade. Seus amigos de infância, mais ligados ao hip hop, achavam estranho seu gosto pelo blues, gênero que consideravam triste e antiquado. Para ele, no entanto, era uma questão de identidade e pertencimento: o blues representava sua cultura e sua história.
Ainda na sétima série, começou a se apresentar em Clarksdale e rapidamente conquistou uma base fiel de fãs. Tocou em locais icônicos da cena local, como Red's Lounge, Ground Zero Blues Club, New Roxy, Shack Up Inn e Delta Blues Room — espaços profundamente conectados à tradição do Delta Blues. Em maio de 2019, lançou seu álbum de estreia, Kingfish, gravando ao lado de nomes consagrados como Eric Gales, Buddy Guy e Keb Mo, consolidando sua chegada à cena internacional.
Em novembro de 2014, integrou a banda do Delta Blues Museum em uma apresentação na Casa Branca, tocando para a então primeira-dama Michelle Obama. O momento foi simbólico não apenas por sua relevância política, mas também como afirmação da força cultural do blues originado no Delta do Mississippi. Essa mesma região seria homenageada no título de seu segundo álbum, 662, lançado em julho de 2021, cujo nome faz referência ao código de área da região onde nasceu e cresceu. O disco foi aclamado e venceu o Grammy de Melhor Álbum de Blues Contemporâneo no 64º Grammy Awards.
Ainda em 2021, em setembro, recebeu outra honraria: a Fender lançou um modelo personalizado, a Telecaster Deluxe Kingfish Signature, selando seu reconhecimento como um dos grandes nomes da guitarra contemporânea. O vínculo com Clarksdale, sua cidade natal, permanece central em sua narrativa. De acordo com o censo dos Estados Unidos de 2020, a cidade tem 14.903 habitantes, sendo 81,49% negros ou afro-americanos — um dado que contextualiza sua trajetória dentro de uma comunidade negra historicamente ligada ao desenvolvimento do blues.
Muito antes de gravar seu primeiro disco, já alcançava milhões de visualizações no YouTube, demonstrando um apelo que ia além das fronteiras do gênero. Foi um desses vídeos que chamou a atenção do produtor da série Luke Cage, da Netflix, que o convidou para interpretar duas músicas na segunda temporada da série. A repercussão o levou a outras conexões importantes: apresentou-se ao lado de Rakim no NPR Music Tiny Desk Concert, sendo posteriormente convidado para ser atração principal do programa.
Entre suas influências musicais diretas, estão grandes nomes do blues como Muddy Waters, John Lee Hooker, Howlin’ Wolf, Lightnin’ Hopkins, Son House, Robert Johnson, Albert Collins, Albert King e Freddie King. Sua formação, porém, é abrangente e plural, refletindo também nomes como Stevie Ray Vaughan, The Allman Brothers, Prince, Michael Burks e Joe Bonamassa. Essa diversidade sonora ajuda a explicar seu estilo híbrido e sua facilidade em dialogar com públicos distintos.
A amplitude de sua rede de conexões também impressiona. Tony T. C. Coleman, baterista de longa data de B.B. King, foi um dos responsáveis por colocá-lo em contato com o produtor Tom Hambridge após assistir a um de seus vídeos online — mais um exemplo de como seu talento rompeu barreiras geográficas e institucionais desde muito jovem.
Princess Pride, mãe de Kingfish, teve um papel decisivo em sua formação musical. Foi ela quem o matriculou no programa de artes e educação do Delta Blues Museum e comprou seus primeiros instrumentos. A dedicação da mãe ao desenvolvimento do filho refletia sua própria conexão com a música: além de ter crescido em uma família com tradição no gospel, era prima do cantor country Charley Pride. Em casa, Kingfish foi exposto a uma ampla variedade de estilos — dos Spinners e Manhattans ao rock do Bon Jovi e Chicago, passando por Albert King, Luther Vandross e os Isley Brothers. Os grupos gospel também estavam presentes, como os Sensational Skylarks e os Supreme Angels.
Aos oito anos, ele ingressou no Delta Blues Museum, onde teve aulas com Bill "Howl-N-Mad" Perry e Richard "Daddy Rich" Crisman. Esses anos de aprendizado foram fundamentais para o seu desenvolvimento técnico e expressivo. Além disso, a vivência musical da família materna na igreja também influenciou seu caminho: cresceu frequentando a St. Peter Missionary Baptist Church, em Sardis, Mississippi, onde cantava e absorvia os elementos emocionais do gospel que mais tarde incorporaria ao seu blues.
Diagnosticado com síndrome de Asperger, encontrou na música seu território seguro e sua principal linguagem de expressão. Sua mãe via o diagnóstico como uma vantagem, especialmente pela concentração e dedicação que ele demonstrava ao tocar. Mesmo aparecendo em programas de televisão como Steve Harvey e Rachel Ray, sua escolha pelo blues ainda era incompreendida por muitos colegas de escola, que esperavam que um jovem negro se identificasse com o rap ou o hip-hop.
Em dezembro de 2021, Kingfish sofreu uma grande perda com a morte de sua mãe, aos 49 anos. O impacto emocional foi profundo, já que ela sempre havia sido seu maior apoio, tanto pessoal quanto profissional. Ainda assim, ele seguiu avançando, agora com foco maior em sua voz e na composição de suas músicas. Busca aumentar seu alcance vocal e incorporar ainda mais influências do soul e do gospel ao seu estilo.
Observando a cena contemporânea, Kingfish destaca um ressurgimento da presença negra jovem no blues, mencionando nomes como Steven Hull e DKiernan Harrell. Para ele, é essencial essa renovação de representatividade, não apenas por respeito às origens do gênero, mas também para manter sua relevância e continuidade cultural.
Christopher Ingram, pai de Kingfish, foi quem o apresentou ao blues, mostrando-lhe um documentário da PBS sobre Muddy Waters e um episódio da série Sanford and Son com participação de B.B. King. Esse contato inicial despertou seu interesse e abriu as portas para um mergulho profundo no gênero.
Aos oito anos, ingressou no Delta Blues Museum, em Clarksdale, onde encontrou não apenas formação técnica, mas também acolhimento em momentos difíceis, como o divórcio dos pais e um breve período em que ficaram sem moradia. Foi nesse ambiente que teve aulas com nomes importantes da cena local, como Richard "Daddy Rich" Crisman, Anthony "Big A" Sherrod, Lucious Spiller e Bill "Howl-N-Madd" Perry — este último o responsável por lhe dar o apelido de “Kingfish”.
Começou tocando bateria aos cinco anos, depois passou para o baixo, tornando-se um músico requisitado ainda durante o ensino médio, reconhecido como confiável e tecnicamente avançado. Aos doze anos, iniciou sua jornada com a guitarra e rapidamente chamou atenção como um prodígio do blues, exibindo maturidade musical incomum para a idade.
À medida que vídeos com suas performances se espalhavam pela internet, passou a ser reconhecido pelos próprios colegas de escola como “Kingfish”. Ainda assim, muitos achavam curioso que um jovem negro estivesse envolvido com uma música considerada “de adultos”. Para ele, no entanto, tudo fazia sentido: o blues era parte de sua herança cultural e familiar.
O gosto musical que moldou sua identidade foi amplamente influenciado pelo que se ouvia em casa. Princess Pride, sua mãe, tinha uma discoteca eclética, que ia dos Spinners e Manhattans a Albert King, passando por Bon Jovi, Chicago, Luther Vandross e grupos gospel como os Sensational Skylarks e os Supreme Angels. Como prima do astro country Charley Pride, ela também reforçava o elo da família com a música de raiz americana.
A influência religiosa foi igualmente marcante. Na igreja St. Peter Missionary Baptist, em Sardis, Mississippi, aprendeu a cantar dentro do estilo tradicional da igreja negra do sul dos Estados Unidos. Essa experiência foi decisiva para o desenvolvimento de sua técnica vocal, especialmente a emoção e a potência que traz para o blues. A igreja, a casa e o museu formaram a tríade que consolidou sua musicalidade desde a infância.
Durante os primeiros anos de sua carreira, sua mãe, Princess Pride, atuou como gerente e defensora incansável de seu trabalho. Era ela quem cuidava da agenda de shows e apresentações, conseguindo espaços em programas de grande audiência como Rachael Ray e The Steve Harvey Show. Mais do que gerenciar compromissos, ela exercia um papel protetor, promovendo a carreira do filho com dedicação total. Em 2019, faleceu aos 49 anos, vítima de uma doença. A perda foi devastadora para Kingfish, que tinha uma relação muito forte e próxima com a mãe, figura essencial em sua formação pessoal e profissional.
Christone experimenta uma forma de sinestesia chamada cromestesia — uma percepção sensorial cruzada em que sons se manifestam como cores. Para ele, um acorde de mi menor evoca a sensação de um "azul escuro", enquanto acordes maiores podem parecer "amarelos". Essa característica singular adiciona uma camada sensorial à sua experiência musical, influenciando sua forma de tocar e compor. Sua mãe acreditava que ele tinha síndrome de Asperger, o que, segundo ela, explicava sua relação profunda com a música. Embora nunca tenha recebido um diagnóstico médico oficial, Kingfish abraça essa possibilidade como parte de sua identidade e atua com organizações como a United by Music North America, que apoia músicos com necessidades especiais.
Outro nome fundamental em sua trajetória é Buddy Guy. O lendário guitarrista não apenas reconheceu o talento de Kingfish como também foi peça-chave na gravação de seu primeiro álbum. Foi Guy quem incentivou o produtor Tom Hambridge a levá-lo ao estúdio — o resultado foi um trabalho que, ao ser indicado ao Grammy, estabeleceu o jovem como uma das maiores promessas do blues contemporâneo aos 20 anos de idade.
Apesar das críticas que enfrentou no ensino médio por gostar de blues — muitos colegas não entendiam sua escolha por um estilo considerado antigo e "de adultos" — Kingfish vê o hip-hop como uma continuidade da tradição do blues. Chegou a se referir ao rap como "tataraneto do blues", destacando artistas como Kendrick Lamar e J. Cole como modernos contadores de histórias, comparáveis a figuras como Son House. Essa percepção o aproxima de uma fusão estética e histórica entre os dois gêneros.
Em 2018, participou do Tiny Desk Concert da NPR ao lado de Rakim, ícone do rap, em uma colaboração que representou simbolicamente essa ponte entre blues e hip-hop. No mesmo período, gravou os clássicos “The Thrill Is Gone” e “I Put A Spell On You” para a trilha sonora da segunda temporada da série Luke Cage, produzida por Ali Shaheed Muhammad e Adrian Younge — dois nomes centrais na cena hip-hop contemporânea. Com clareza e intenção, Kingfish expressa interesse em expandir essa conexão no futuro, vendo a fusão entre blues e rap não apenas como possível, mas como algo natural e inevitável.
Citações de Christone "Kingfish" Ingram
"Eu quero que meus solos sejam melódicos - mas não 'bonitos' melódicos, agressivos…"
"Estamos tentando mostrar que existem jovens negros que amam sua cultura e sua história, cara. Eu aprecio muito e amo os dois."
NÃO ENSAIE MUITO... SÓ O SUFICIENTE
"Todos os caras da banda são músicos realmente experientes, então tentamos fazer um ou dois ensaios, não muito mais. Torna-se como uma memória muscular: depois de dedicarmos tempo, estamos prontos para simplesmente chegar lá e seguir o fluxo."
MANTENHA A MULTIDÃO EM MENTE, MAS NÃO NO TOPO DA MENTE
"Posso ficar preso à participação da multidão. Algumas multidões estão ouvindo multidões - elas não ficam tão entusiasmadas - e, para ser honesto, às vezes eu interpreto isso como, 'Oh, cara, eles realmente não estão a fim de nós', quando na verdade eles estavam a fim de nós. Tento ter isso em mente sempre que jogo, para não ser expulso."
SINTA SEUS SOLOS, MAS NÃO DEIXE QUE ELES DOMINEM TUDO
"Eu não monto um solo pensando em como ele deveria se encaixar em uma música; eu apenas brinco – eu sinto isso. E o que mais sinto é que quero que meu solo seja melódico – não um melódico ‘bonito’, mas agressivo. Mas nunca deixei isso durar muito. Gosto de controlar. Porque quando é bem feito, você sente por alguns compassos e pronto."
"Com a minha cultura, preciso muito conhecer essa história (do blues). Não estou nisso apenas pelo amor de jogar, mas estou aprendendo sobre a história. Nós realmente precisamos saber disso, especialmente a minha geração. Sou grato por ter essa história aqui."
"Essas foram as músicas que nos ajudaram a superar os tempos difíceis. Quando aqueles caras cantavam aquelas músicas antigas, isso os ajudava a superar os momentos difíceis e a viver tempos (melhores). (Os jovens) deveriam ficar felizes em saber disso."
"Durante anos ouvimos coisas como 'o rock está morto' e 'ninguém se importa com jazz'. Mas raramente você ouve as pessoas dizerem isso sobre o blues. Como forma musical, parece continuar em alta."
"Ah, sim, bem, posso te dizer por quê: Blues é vida. Blues é uma música profunda e todos podem se identificar com ela. Sempre experimentaremos um pouco de tristeza em nossas vidas, não importa o que esteja acontecendo. Não importa qual gênero está na Billboard Hot 100 – blues é vida. Está ao nosso redor. Todo mundo tem tristeza. É tudo o que temos."
"Não, não, não quero ser purista. Eu definitivamente quero me sentir como hoje, sabe? Pego emprestado um pouco do rock – entro em distorção. Neste momento, estou adicionando mais introduções e finais e diferentes transições em meus shows. Coloquei pequenas referências de rap. Eu não quero ser um purista."
"No estúdio, estou tentando fazer mais com rappers ou algo assim. Acabei de lançar um remix de uma de minhas músicas com Big K.R.I.T. Lentamente, mas com segurança, estou indo nessa direção. E quero alcançar mais crianças, especialmente crianças negras. Eles deveriam saber sobre nossa história e o blues. Para fazer isso, você precisa se aventurar um pouco pelo mundo. Você tem que adicionar um pouco de hip-hop, um pouco de neo-soul e R&B. É tudo uma questão de alcançar."
*Crédito da foto
Por Rory Doyle - Obra do próprio, CC BY-SA 4.0, HiperligaçãoFontes pesquisadas
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