
O mapa mostra o caminho percorrido por milhões de afro-americanos entre 1916 e 1970 durante a Grande Migração, deixando o Sul rural dos EUA — marcado por racismo e pobreza — rumo às cidades do Norte industrializado. Essa jornada levou o blues consigo e transformou profundamente sua sonoridade, resultando em estilos urbanos como o Chicago Blues.
O mapa acima ilustra uma das transformações mais significativas da música norte-americana: a migração do blues do Sul rural dos Estados Unidos para as grandes cidades do Norte, como Chicago, a partir de 1916. Esse movimento coincidiu com a chamada Grande Migração, em que milhões de afro-americanos deixaram estados do Sul, como Mississippi e Tennessee, em busca de melhores condições de vida e trabalho no Norte e Meio-Oeste industrializado.
A Grande Migração (Great Migration), às vezes conhecida como Grande Migração para o Norte (Great Northward Migration) ou a Migração Negra (Black Migration), foi o movimento de 6 milhões de afro-americanos do sul dos Estados Unidos, rural, ao Nordeste, Centro-Oeste e Oeste urbanos, que ocorreu entre 1916 e 1970. Foi causado principalmente pelas más condições econômicas, bem como pela segregação racial e discriminação prevalentes nos estados do sul, onde as leis de Jim Crow foram mantidas.
Vindos de regiões marcadas pela pobreza extrema e por um sistema social profundamente racista, os músicos levaram consigo o blues rural, marcado por vozes cruas, instrumentos acústicos e letras que retratavam a dura realidade do campo. Ao chegarem em cidades como Memphis, St. Louis, Kansas City e principalmente Chicago — onde havia demanda por mão de obra nas fábricas e menos barreiras legais baseadas em raça —, esses artistas encontraram novas possibilidades de expressão.
Nessas cidades, o blues se urbanizou. Ganhou guitarras elétricas, se misturou com o jazz, com o swing e com o ritmo das grandes metrópoles. Cada cidade imprimiu sua marca no gênero: Kansas City com seus metais e grooves dançantes, St. Louis com sua energia rítmica e Chicago com seu som potente, amplificado, que daria origem ao Chicago Blues — base para o rock que viria a seguir.
Essa transformação foi parte de um fenômeno maior: entre 1916 e 1970, cerca de 6 milhões de afro-americanos migraram do Sul rural para o Norte, Nordeste e Oeste urbano dos Estados Unidos, fugindo das leis de segregação racial, dos linchamentos e da escassez de oportunidades econômicas. A chamada Grande Migração Afro-Americana foi um dos maiores deslocamentos internos em massa da história dos EUA. Muitos migraram também atraídos pelos empregos industriais disponíveis no Norte durante as duas guerras mundiais, além de incentivos como transporte e moradia oferecidos por empresários.
Esse processo não apenas moldou a paisagem urbana e cultural das grandes cidades, mas transformou a identidade afro-americana — antes majoritariamente rural — em urbana e industrializada. O impacto dessa mudança é sentido até hoje, tanto na política quanto na música, nas artes e nas lutas sociais.
*Fonte: texto adaptado de Wikipedia – Grande Migração afro-americana (referente apenas ao contexto histórico da Grande Migração).
Mapa: adaptação da arte original disponível em https://www.joemills.com/commissions/chicago-history-museum-amplified-maps