Segregação racial durante a vigência das Leis de Jim Crow no sul dos Estados Unidos

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Neste episódio da série Estórias do Blues, mergulhamos na trajetória de Willie Dixon a partir do livro I Am The Blues, escrito por ele em colaboração com o jornalista Don Snowden. O vídeo apresenta um recorte vivo e tocante da infância e juventude de Dixon, onde a música surge entrelaçada com dificuldades, deslocamentos e experiências que moldariam seu papel como um dos maiores nomes do Blues.

O livro é composto por relatos orais de Willie Dixon organizados por Snowden. Ele não segue uma ordem linear: são fragmentos da memória, relatos de momentos cruciais e histórias de personagens que cruzaram seu caminho. Dixon conta, por exemplo, que ainda muito pequeno trabalhava vendendo jornal nas ruas e dormia num canto da estação ferroviária.

Em outro trecho, narra como foi parar numa instituição para menores depois de ter fugido de casa e se envolvido em uma briga. Foi preso pela primeira vez ainda criança. Conta que seu comportamento considerado “difícil” era uma reação ao racismo e à opressão social que enfrentava no sul dos Estados Unidos. Comenta que os policiais muitas vezes o tratavam como alguém perigoso só por estar andando em certas áreas — mesmo sendo só um garoto.

Willie também relata a experiência de viajar a pé com outros meninos, cruzando cidades em busca de trabalho. Muitos dormiam em vagões de trem, comiam o que conseguiam e viviam sob constante ameaça da polícia ou de brancos racistas. Ele diz que, mesmo nessa época, o Blues já era algo que fazia parte dele — não como gênero musical, mas como forma de estar no mundo.

Essas histórias revelam não apenas as origens do músico, mas os fundamentos emocionais, sociais e históricos que constituem o Blues. O sofrimento, a injustiça, a migração, a força coletiva e a criatividade frente à adversidade. Tudo isso aparece nos relatos de forma direta, sem romantizações.

Ao longo do episódio, somos convidados a refletir sobre como a música de Dixon se constrói a partir dessa vivência real, crua e profundamente marcada pelas estruturas raciais da sociedade americana. Ele não apenas compôs canções icônicas — ele viveu o que escreveu. Suas letras, seus arranjos e sua presença musical são extensão direta da vida que levou.


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